Neste semestre iniciei um curso de
Gestão de Políticas Públicas Municipais no Instituto Federal daqui de Poços de
Caldas. Naturalmente, o conteúdo discutido nas aulas está diretamente
relacionado aos propósitos deste blog e mais ainda do presente texto.
Muito
se fala sobre desigualdade social, corrupção, falta de educação, criminalidade,
entre tantas outras questões que tornam o simples fato/ato de viver ou existir,
cada vez mais penoso. Pois bem, hoje eu gostaria de indicar o grande
responsável para que tudo isso exista e nada (ou quase nada) se resolva. Aquele
de quem você, caro leitor, deve cobrar, o "culpado" (se é que temos o
direito de atribuir culpa a alguém), o responsável cuja obrigação seria
garantir que a vida de todos nós fosse a mais perfeita harmonia mas, que, ao
negligenciar seu papel, transferindo para o outro, acaba contribuindo para que
os problemas se proliferem e se ampliem. Este indivíduo, que carrega tamanha
responsabilidade sobre suas costas, não é apenas um, pelo contrário possui
vários aliados e está espalhado por toda a sociedade, e eu diria mais, ele não
só está espalhado como ele compõe toda a sociedade. Este indivíduo, pasme meu
caro leitor, somos todos nós!
"Como
assim?", você deve estar se perguntando. Pois bem, cabe aqui uma
explicação: Todos os dias, em cada momento de nossas vidas, nós possuímos escolhas. Escolhemos fazer
o que é correto, ou o que nos é mais vantajoso,
ou ainda o que não é vantajoso aos nossos semelhantes. O fato é que podemos
escolher, e ao negligenciarmos o papel de cidadão - indivíduo que vive em sociedade
onde existem relações recíprocas - em detrimento de interesses pessoais,
acabamos contribuindo para todos os males que citei acima.
Este
texto não poderia vir em melhor hora, uma vez que um dos principais (senão o
principal) atos negligenciados por muitos de nós em nosso papel diário de
cidadão está nas urnas eletrônicas, ou melhor, após elas. É muito fácil jogar a
responsabilidade para o atraso do país naquele candidato em que não votamos, ou
ainda dizer que não podemos fazer nada uma vez que eles estão muito longe de
nós e não temos como fiscalizar e denunciar a corrupção, ou pior ainda, pensar
que a responsabilidade de fiscalizar, julgar e prender é da polícia e do poder
judiciário. Cada um tem sim o seu papel, mas, o mais importante é aquele que
eu, tu, ele, ela fazemos (ou deveríamos fazer) a cada dia: acompanhar e cobrar
efetivamente dos políticos (todos eles) para que trabalhem pelo bem do povo e
não de si mesmos.
Mas,
se você ainda não se convenceu de que todos nós somos culpados, essa matéria da BBC Brasil pode
ajudar. Trata-se de uma lista com 10 práticas
"normais" para o brasileiro e que muitas vezes não percebemos que são
formas de corrupção. Se você já furou uma fila, comprou produtos falsificados,
não deu nota fiscal, falsificou carteirinha de estudante, entre vários outros,
seja bem vindo ao time da corrupção. Temos ainda este texto e esse aqui falando sobre o problema do "jeitinho brasileiro", tão comum em nosso
cotidiano, e uma campanha no Facebook contra as "pequenas" corrupções do dia-a-dia.
Qualquer
um poderia "justificar" esses atos dizendo que o país não fornece
condições para levarmos uma vida mais correta, mas novamente volto na questão
do outro parágrafo: cabe a cada um de nós cobrar por estas condições e sempre
lembrar que não temos apenas direitos, também temos deveres (e não são poucos).
É
claro que ainda não estamos totalmente perdidos, existem sim várias formas de
acompanhar e participar mais ativamente da vida pública e da gestão desse nosso
país. A primeira (e talvez a mais importante) consiste em simplesmente estudar
sobre Política (não politicagem) para poder compreender a situação vivida no
país e a partir daí pensar em soluções e aprimorar o debate político com as
pessoas ao nosso redor. As outras formas são ferramentas mais práticas, mas vou
apresentá-las no próximo texto. Até lá. o/
"Exija teus direitos com a mesma intensidade que cumpre os teus deveres."Arnaldo Luque